terça-feira, 29 de março de 2011

Infinito...

O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!

Florbela Espanca

sábado, 26 de março de 2011

Caminho...

Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida.
- ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio;
mas isso te custaria a tua própria pessoa;
tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o!

Friedrich Nietzsche

domingo, 20 de março de 2011

Quer saber o que eu penso?

Quer saber o que eu penso? Você aguentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, linda, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Tenho uma TPM horrivel. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso! Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento: palavras para uma alma com fome. Meu coração é minha razão. Essa é a lógica que inventei pra mim.
Clarice Lispector.

domingo, 13 de março de 2011

O LAÇO E O ABRAÇO

Meu Deus! Como é engraçado! Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas. Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço. E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço. Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço. Ah! Então, é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita. Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade. E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços. E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço. Então o amor e a amizade são isso... Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam. Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!


Atribuído a Mário Quintana

domingo, 6 de março de 2011

A tristeza permitida...

" (...)Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos."
Martha Medeiros

terça-feira, 1 de março de 2011

Poema de amor

Este é um poema de amor tão meigo,
tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu, quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer, não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema, o verso;
o tão famoso e inesperado verso
que te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

Cora Coralina