domingo, 24 de abril de 2011

O Tempo...

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo... E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Mário Quintana

sábado, 16 de abril de 2011

Murmúrio...

Traze-me um pouco das sombras serenas que as nuvens transportam por cima do dia! Um pouco de sombra, apenas, - vê que nem te peço alegria. Traze-me um pouco da alvura dos luares que a noite sustenta no teu coração! A alvura, apenas, dos ares: - vê que nem te peço ilusão. Traze-me um pouco da tua lembrança, aroma perdido, saudade da flor! - Vê que nem te digo - esperança! - Vê que nem sequer sonho - amor!

Cecília Meireles.

sábado, 9 de abril de 2011

“E a escuridão se torna tão maior...

“ E a escuridão se torna tão maior. Estou caindo numa tristeza sem dor. Não é mau. Faz parte. A manhã provavelmente terei alguma alegria, também sem grande êxtases, só alegria e isso também não é mau. É, mas não estou gostando muito desse pacto com a mediocridade de viver.”

Clarice Lispector

domingo, 3 de abril de 2011

A hora do cansaço...

"As coisas que amamos as pessoas que amamos são eternas até certo ponto. Duram o infinito variável no limite de nosso poder de respirar a eternidade. Pensá-las é pensar que não acabam nunca, dar-lhes moldura de granito. De outra maneira se tornam absoluta numa outra (maior) realidade. Começam a esmaecer quando nos cansamos, e todos nos cansamos, por um outro itinerário, de aspirar a resina do eterno. Já não pretendemos que sejam imperecíveis. Restituímos cada ser e coisa à condição precária rebaixamos o amor ao estado de utilidade. Do sonho eterno fica esse gozo acre na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar."

Carlos Drummond de Andrade.