sábado, 14 de abril de 2012

A janela dos outros...

(...) Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias. Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem.
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios. E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida.

Martha Medeiros.
In: Doidas e Santas. p.162

6 comentários:

  1. a sabedoria precisa de poucas palavras pois tem o sentir verdadeiro do que se passa ao redor e não comenta pois sabe que cada ser tem o seu proprio caminho que não é melhor nem pior do que outro mas é o ser particular
    bjs

    ResponderExcluir
  2. E a dúvida é normalmente um sinal de inteligência!
    Gosto pouco de verdades feitas!!

    Beijos,

    ResponderExcluir
  3. a duvida faz parte da vida, as vezes penso que a vida seria um pouco chata se tivéssemos certeza das respostas de nossas ações... o mundo evolui e nem sempre todas essas mudanças são tão boas como deveria, mas vai do próprio homem decidir o que vai fazer com as informações que recebe...
    bjkssss memiga... te espero no meu cantinho

    ResponderExcluir
  4. E as pessoas devem aprender a lidar com as diferenças,nada é absoluto nessa vida e a minha opinião pode até se somar a do outro,se ambos soubermos ouvir.
    Abraço,=)

    ResponderExcluir
  5. Este texto permite, pelo menos, dois planos de leitura: um moralizante; outro filosófico. Boas relações dependem de que não sejamos impositivos, que não nos posicionemos de modo a supor deter "a" verdade, as certezas inabaláveis. Do ponto de vista da filosofia da ciência, aprendemos que cada teoria "recorta" o real segundo seu conjunto de pressupostos, crenças e hipóteses. A teoria determina o seu objeto, chamado objeto teórico. Teorias não espelham o real, mas são modelos de interpretação do real, são conjuntos de hipóteses e proposições que visam a explicar o real. Nenhuma teoria visa a ser totalizante; ela necessariamente fornecerá explicações sobre aquela parcela do real de que se ocupa. A verdade surge da coerência entre as hipóteses, proposições e conceitos da teoria e o objeto por ela construído. Teorias são formas de aproximação da verdade, que é um conceito metafísico. A verdade é absoluta, não relativa. A verdade depende de evidências.

    Beijos, amiga!

    ResponderExcluir