domingo, 2 de junho de 2013

Quando olho para mim…

Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

Alvaro de Campos.

4 comentários:

  1. Ola Zélia! Tao bom passar por aqui e deparar com a bela poesia de Alvaro de Campos! Seu cantinho eh realmente muito perfumado! Um beijo ! :)

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  2. Versos tão belos, produzidos de modo tão magistral, que só mesmo o criador deste heterônimo poderia fazer... Parabéns minha querida amiga Zélia. Quando puder, visite-me... Marco.

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  3. hola Zélia,
    me encanta mucho tu blog!


    un abrazo^^

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  4. Olá bom dia,belo poema porém, triste.
    Adorei conhecer seu blog.

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