Agora, me deixem tranquilo.
Agora, se acostumem sem mim.
Eu vou fechar os olhos.
E só quero cinco coisas,
cinco fontes preferidas.
Uma é o amor sem fim.
O segundo é ver o outono.
Não posso ser sem que as folhas
vão e voltem a terra.
O terceiro é o grave inverno,
a chuva que amei, a carícia
do fogo no frio silvestre.
Em quarto lugar, o verão
redondo como uma melancia.
A quinta coisa são teus olhos,
Matilde minha, bem-amada,
não quero dormir sem teus olhos,
não quero ser sem que me olhes:
eu mudo a primavera
porque tu me segues olhando.
Amigos, isso é o que quero.
É quase nada e quase tudo.
Agora, se querem podem ir.
Vivi tanto que um dia
terão que esquecer-me por força,
apagando-me do quadro:
Meu coração foi interminável.
Mas, por que peço silêncio
não creiam que vou morrer-me:
me passa todo o contrário:
acontece que vou viver-me.
Acontece que sou e que sigo.
Não será, pois, só que aqui dentro
de mim cresceram cereais,
primeiro os grãos que rompem
a terra para ver a luz,
mas a mãe-terra é escura:
e dentro de mim sou escuro:
sou como um poço em cujas águas
a noite deixa suas estrelas
e segue só pelo campo.
Se trata de que tanto vivi
que quero viver outro tanto.
Nunca me senti tão sonoro,
nunca tive tantos beijos.
Agora, como sempre, é cedo.
Voa a luz com suas abelhas.
Deixem-me só com o dia.
Peço permissão para nascer.
Pablo Neruda.
Grande Pablo, minha amiga!
ResponderExcluirUm abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas um lindo e maravilhoso 2014.
Voa a luz com suas abelhas
ResponderExcluireste verso me alucina
versos assim fizera-me
um poeta perdido
queria tanto escrever um verso
assim
te amo América do Sul, por que
tens um Pablo Neruda
e valeu vossa sensibilidade
poeta
Luiz Alfredo - ´poeta
Ah! ler Pablo Neruda, é td.de bom.
ResponderExcluirBelo post!
Amei!
Amiga eu sou aquela blogueira do blog Beautiful Butterfly Woman, onde vc.tem um selinho do blog...lembra?? então sou eu...mas com outro blog...pq.aquele infelizmente eu exclui...mas agora estou voltando para o Mundo da Blogosfera...hehehehe...amei seu blog...parabéns...estava com saudades deste Mundo LINDOOOO...!belo fds...beijos!
Um fenomenal poema de Neruda, de reconstrução, renascimento. Adorei!
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