sábado, 8 de agosto de 2015

As mãos de meu pai...

As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

Mario Quintana

3 comentários:

  1. OI Zélia
    Minha casa está sempre aberta para aos amigos, entre sem bater.
    Linda poesia de Mario Quintana
    Abç
    Dorli Ramos

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  2. Linda poesia de Quintana! Adoro! beijos, tudo de bom,chica

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  3. Essa poesia do Quintana é uma verdadeira riqueza, eu lembro muito das mãos calejadas do meu velho pai ao fim do dia chegando da roça com calos enormes, e que acariciava meu rosto com tto carinho! Eu sempre vou às lágrimas qdo leio essa poesia... Parabéns pelo acervo... Muito bom vir aqui"
    Obrigada por ser minha seguidora. Estou seguindo eu blog também!

    Bom carnaval!
    Bjs!

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